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Testemunho de Ricardo Costa - Parte III

Perto da igreja, longe de Deus (terceira parte)

por: Ricardo Costa

Iniciei um projeto como arranjador e diretor musical em uma banda formada para tocar na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Meu objetivo era praticar a orientação da escritora Ellen G. White nos seguintes textos: 

“E que o canto seja acompanhado de instrumentos musicais habilmente tocados.” (E.G.W., Testemunhos, vol. 9, p. 144) 

"Que haja auxílio, se possível, de instrumentos musicais [...].” (E.G.W., Obreiros Evangélicos, p. 325). 

Contudo, em minha interpretação pessoal despreocupada e superficial dos textos acima, não havia preocupação sobre quais instrumentos e quais gêneros musicais utilizar na adoração a Deus. Estes conselhos poderiam ser aplicados a todo e qualquer gênero musical popular e seus respectivos instrumentos característicos, sem nenhuma atenção para os princípios bíblicos e as diretrizes sobre a forma de adoração agradável a Deus. 

Os músicos se empenhavam em fazer o seu melhor com os melhores instrumentos, mas as coisas tomaram outro rumo. Eu criava arranjos de rock com muitos riffs de guitarra e este modo de tocar exigiu a presença de uma bateria nas músicas, para que o ritmo fosse evidenciado. Em pouco tempo tínhamos uma bateria completa na banda da igreja e o gênero rock era utilizado de forma livre nos cultos de adoração. 

O projeto com a banda cresceu, conquistando certa fama entre as igrejas naquela região. Éramos amados e odiados ao mesmo tempo, pois enquanto algumas igrejas nos chamavam sempre para "animar" os cultos, outras nos repudiavam veementemente. Recebíamos vários convites para tocar em casamentos de membros da igreja, o que parecia ser algo bom. Porém, os casais sempre demonstravam uma forte preocupação em agradar seus convidados, mas não em agradar a Deus. Nessas festas de casamento o repertório era  composto por 90% de músicas seculares e 10% de rock gospel, ou qualquer outro gênero de música popular com letra cristã. 

A essa altura, eu estava imitando e pesquisando sobre os guitarristas do universo do metal. Tinha a guitarra dos meus sonhos e um equipamento profissional. Buscando superação, crescimento técnico na guitarra, mergulhei mais e mais fundo no mundo do rock pesado. 

Gostava de ouvir todas essas bandas de heavy metal após tocar nos cultos da igreja. Convencia a mim mesmo de que não haveria problemas em ouvir tais músicas após os cultos, pois eu ouvia tudo aquilo “profissionalmente”, apenas com o objetivo de me aprimorar e dar a Deus o meu melhor. 

Aquela parecia ser uma justificativa honesta e convincente, mas será que "o meu melhor para Deus" era aquilo que eu estava a fazer realmente? Deus desejaria mãos habilidosas nas escalas da guitarra e na linguagem do rock ou, ao invés disso, um coração devoto a Ele? Acreditava cegamente que poderia unir as duas coisas, mas na realidade são incompatíveis. 

A linguagem e a estética do rock colocam o músico num pedestal para ser admirado e adorado em lugar do Senhor. Por anos, fiz dos púlpitos da igreja o meu palco. Que o Senhor me perdoe, em nome de Jesus Cristo!

[Continua...]

Acesse também a Parte 1 e a Parte 2 dessa história. 

Bem de Manhã

Trio Doxa interpreta o hino "Bem de Manhã". A música faz parte do CD Doxa, produzido em 2017. Aproveite!

O mundanismo que invade a igreja

por: Michelson Borges

Recentemente, meu amigo Matheus Cardoso escreveu em sua página no Facebook: “O que chamamos de mundanismo e liberalismo: maquiagem, joias, cinema, bateria, rock (sic), dança, pregar sem terno e gravata. O que jovens adventistas praticantes estão aprendendo: feminismo, aborto, ideologia (sic) de gênero, movimentos sociais, direitos humanos (sic), relativismo, pluralismo, marxismo, releitura sociológica da Bíblia. Enquanto combatermos práticas que poderiam ser desafios 30, 40 anos atrás, o que realmente é mundanismo e paganismo continuará entrando na igreja e acharemos que são apenas pontos de vista inofensivos.”

Há dois anos fui convidado a apresentar uma palestra sobre cinema em uma igreja grande, com muitos jovens. De fato, em meu livro Nos Bastidores da Mídia, há um capítulo dedicado a esse assunto, mas, naquela ocasião, entendi que deveria tratar de um problema ainda mais grave. Dediquei uns dez ou quinze minutos ao tema do cinema e todo o restante do tempo utilizei-o para falar sobre séries. Enquanto alguns continuam a “bater” no cinema (e não estou dizendo com isso que sou a favor da ida a esse ambiente), milhões de cristãos viram noites assistindo episódio após episódio, em verdadeiras “maratonas de séries”. Alguns admitem publicamente nas redes sociais serem fãs de produções que exaltam o incesto, a violência gratuita, o lesbianismo e o estupro, como é o caso da incensada “Game of Thrones”. Na tela de seus tablets e celulares, jovens desperdiçam horas e horas que deveriam ser dedicadas à leitura, à oração e mesmo ao repouso do sono. Um tempo exagerado enchendo a mente com as ideias dos produtores de séries ávidos por uma plateia viciada e lucrativa. Horas e horas aprendendo sobre o verdadeiro “mundanismo”. O mundo mudou rapidamente e o problema definitivamente entrou em nossos lares. 

Creio que ainda precisamos tratar com sabedoria, tato e prudência do “velho mundanismo”, sem nos esquecer do novo, que tem causado estragos imensamente maiores, pois se trata de ideias, conceitos, filosofias que estão mudando profundamente a mentalidade dos cristãos, criando uma geração de crentes relativistas desconectados da Bíblia. Uma nova geração de crentes ideologizados e desdoutrinados que cumpre à risca a triste profecia de Jesus: “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lucas 18:8). Afinal, como desenvolver fé (confiança) em Deus se não passamos tempo com Ele? Como desenvolver fé se nossa mente é inundada de conceitos que atentam contra ela? Como ter fé em quem com o tempo tem Se tornado um ilustre desconhecido para pessoas que mais e mais se tornam ateias funcionais?
O mundanismo continua entrando na igreja, mas desta vez a coisa toda é tão mais sutil e complicada que chega a dar saudade do tempo em que o problema eram a maquiagem e a bateria. Quem disse que os últimos dias seriam fáceis?
Fonte: Outra Leitura
MÚSICA E CONTEMPLAÇÃO
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