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Ruídos que nos cercam

Nós estamos cercados de ruídos em quase todas as áreas da vida moderna. Estamos expostos a ruídos no trabalho, na rua, provocados pelo trânsito, quando ouvimos música ou vamos para clubes noturnos, concertos com volume muito alto. 

A audição humana é delicada, complexa e fácil de ser danificada e quanto mais se encontrar exposta a ruídos mais probabilidade terá de ser prejudicada, uma vez que existe uma correlação entre ruídos em excesso e perda auditiva. 

Ruídos prejudicam seu bem-estar 

Pesquisas apontam que ruído é um grande motivo para deficiência auditiva entre adultos e a exposição a ruídos, na maior parte do dia, pode resultar em perda auditiva e tinnitus. A exposição diária a excessivos ruídos, no ambiente de trabalho, é o principal motivo de muitas causas de perda auditiva na população ativa.

Som alto de mp3 

Ouvir música de mp3 em volume alto pode colocar sua audição em risco e audição deteriorá-la com o passar do tempo. Uma pesquisa britânica revelou que de dez pessoas pesquisadas, oito não levam em consideração que elas podem ter suas audições prejudicadas ou ter tinnitus ao aumentar o volume do som. 

Os regulamentos da União Europeia têm estabelecido o limite máximo de 85 dB (decibéis) para todos os aparelhos de mp3, no entanto, níveis de som de mp3 podem atingir volume, em excesso, de 100 dB (decibéis). 

Ruídos em concertos 

Concertos podem ser uma ameaça para sua audição. Uma pesquisa que testou a audição de adolescentes antes e depois de um concerto mostrou que 72% dos adolescentes que participaram da pesquisa experimentaram redução na habilidade auditiva depois de serem expostos a concertos e 53% dos adolescentes disseram que acharam que suas audições tinham sido afetadas negativamente e 25% afirmaram que tinham experimentado tinnitus ou toque de sino no ouvido. Proteção auditiva foi oferecida aos adolescentes, mas só alguns a usaram. 

Ruídos causam perda auditiva em soldados combatentes 

Soldados combatentes podem também ser afetados com perda auditiva. Estudos mostram que mais de 12% de todos os soldados americanos retornam de conflitos ocorridos no mundo com perda auditiva. Ruídos não causam só impacto na habilidade de perda auditiva pessoal, mas pode levar a problemas de equilíbrio, dificuldade para dormir, comunicação e até mesmo elevar o risco de doenças cardíacas aumentando a pressão da pessoa, os lipídios e o açúcar no sangue. 

Paul Gilbert: Como evitar perda auditiva 

É conhecido por muitos que som alto pode prejudicar a audição. O guitarrista veterano Paul Gilbert aconselha músicos e amantes da música no sentido de evitar um tipo de perda auditiva que ele mesmo sofre. Ele elaborou uma lista de itens que que deve aconselhar outros músicos e amantes da música para fazer se eles querem conservar a audição e evitar tinnitus

Paul Gilbert que tem tocado sua guitarra horas a fio sem protetor auditivo, como resultado ele tem tido dificuldade para ouvir frequências altas, tem tido tinnitus com frequência e dificuldade para ouvir e entender o que as pessoas dizem. 

Exposição diária a ruídos 

A exposição diária a ruídos está diretamente relacionada a risco de prejuízos auditivos. Muitos países recomendam uma exposição diária de ruídos inferior a 85 dB (decibéis, que é calculada de tal maneira que 85dB representa o dobro de 82 dB (decibéis) de exposição. 

A medida diária de exposição a ruídos é uma combinação de nível de ruídos com o período de tempo em que uma pessoa está exposta a ruídos específicos.

Fonte: Hear-it.org

Há significado e forma para adoração?

Lilianne Doukhan nasceu na Suíça e começou a estudar piano aos quatro anos de idade, em Viena, Áustria. Recebeu o Primeiro Prêmio em Performance de Piano no Conservatório Nacional de Estrasburgo. Obteve um mestrado em Ciências Humanas (Universidade de Estrasburgo, França), bem como em Música (Andrews University), e possui um Ph.D. em Musicologia pela Michigan State University. Realiza palestras e oficinas de música sacra em todo o mundo, trazendo uma experiência de vida multi-cultural em seu ensino. É autora do livro In Tune with God e atua como editora de uma coleção de artigos sobre adoração.

por: Lilianne Doukhan

Como adoraremos?

Todos nós adoramos de uma maneira ou de outra. Até mesmo aqueles que não acreditam em religião adoram. Eles adoram ídolos do esporte, da música ou o dinheiro. Fomos criados para a adoração. A criação de Adão e Eva por Deus no sexto dia, o dia que precede o sábado, tem um significado teológico e sociológico profundo. O Criador pretendia que na vida dos seres humanos a adoração tivesse prioridade sobre qualquer outra atividade humana. É essa prioridade que exige dos seguidores de Deus que eles não só adorem, mas também o façam da maneira certa. O fato e modo da adoração não podem ser considerados irrelevantes. 

Qual é a forma correta de adoração? Há só uma forma ou estilo correto? As formas de adoração mudaram com o passar do tempo? Quem decide que forma ou configuração é a mais apropriada? Pondo de lado as opiniões e preferências pessoais, precisamos descobrir a resposta na Palavra de Deus.

O significado da adoração 

As Escrituras proveem-nos vários modelos de adoração. Um dos mais claros está em Isaías 6:1-8, onde o profeta relata a visão que teve de uma cena de adoração celestial. Esse texto nos apresenta um programa, até mesmo uma ordem de adoração. 

O capítulo tem início com uma visão de Deus em Seu trono celestial, uma visão de beleza, poder, majestade e reverência. Aqui aprendemos primeiramente por que prestamos culto: para responder à presença de Deus e atender Seu chamado à adoração. 

Os Salmos -- textos tradicionais de adoração e louvor de Israel -- nos ajudam a descobrir como adorar: com alegria e reverência. O tema percorre os Salmos e é expresso em frases como: "Venham! Cantemos ao Senhor com alegria! Venham! Adoremos prostrados e ajoelhemo-nos diante do Senhor, o nosso Criador" (Salmo 95:1, 6).

Equilibrar alegria e reverência representa um desafio. Nos serviços de adoração, freqüentemente praticamos uma com exclusão da outra, e de algum modo não descobrimos o modo de combinar as duas. Parece difícil ser reverente e ao mesmo tempo jubiloso. Mas, isto é o que a Palavra de Deus diz que devemos fazer no culto de adoração. 

Além disso, quando vamos adorar precisamos descobrir a quem adoramos. A adoração não é algo que fazemos para nós mesmos. Ela deve ser feita para Deus e a Deus. É uma atividade centralizada em Deus, inteiramente focalizada nEle (veja Salmo 9:1 e 2). Não vamos adorar principalmente para obter bênçãos, para aprender algo ou desfrutar companheirismo. O propósito principal da adoração é ir a Deus, dar-Lhe glória e falar sobre Seus feitos. 

Adorar, portanto, é uma experiência de parceria: Deus, de um lado, inicia o chamado à adoração e o adorador responde ao chamado.

Para que a adoração tenha lugar, é preciso seja ela significativa a ambas as partes. A adoração significativa é agradável a Deus. O Salmo 19 é bem claro nesse ponto: "Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a Ti" (Salmo 19:14). Contudo, com que freqüência esforçamo-nos para agradar a congregação ao planejarmos nosso culto de adoração!

A motivação determina nosso pensamento e organização no que respeita à adoração. A primeira preocupação que devemos ter em nosso coração sempre que lidarmos com formas e formatos de adoração é: "Será que isso vai agradar a Deus?" Quando queremos agradar alguém, tentamos descobrir o que a pessoa é: Qual é o seu caráter? O que ela gosta de fazer? Como ela se relaciona conosco? Precisamos fazer as mesmas perguntas para descobrir o que vai agradar a Deus. As respostas obtidas orientarão nossa busca pelo que é apropriado na adoração. 

A adoração, porém, deve ser também significativa para o adorador. É importante descobrir se o culto de adoração é relevante para nossa congregação, isto é, se ela achará significado nele. Isso nos chama a atenção para a importância dos símbolos. Na adoração, o significado está repleto de símbolos como a Ceia do Senhor, o batismo, a leitura da Bíblia, a oração, a música, a arquitetura, etc. Todos esses são "sinais" importantes para comunicar o significado da adoração, e deveriam contribuir para que ela seja viva e relevante. 

Essa é uma tarefa difícil. E até muito mais difícil é combinar as duas coisas: o que é apropriado e a relevância. Como pode a adoração ser agradável a Deus e, ao mesmo tempo, relevante para a congregação? Como podemos combinar o elemento divino da convocação e o elemento humano da resposta em nossa experiência de adoração?

As formas de adoração

Lilianne Doukhan
O serviço de adoração diz respeito a toda a congregação e não só ao pastor. Nesse aspecto, precisamos educar nossas congregações, bem como os nossos pastores, dirigentes de culto e de música. Nossos dirigentes de culto e de música freqüentemente servem a congregação com seus talentos e sua boa intenção. Os músicos, especialmente os que são treinados em habilidades específicas, devem lembrar-se de que a adoração é um momento muito especial. Nela você não apenas "executa música". Na adoração você não apenas "interage" com a congregação. Não apenas "lê um texto". Você faz todas essas coisas na presença de Deus e para Deus.

A verdadeira adoração, em sua essência e suas formas, começa com o aprender e ensinar sobre ela. A educação, o exemplo, o aconselhamento, o preparo de líderes e da congregação são todos ingredientes nesse processo de aprendizagem.

Aprender sobre a adoração suscita perguntas importantes: Há um estilo ou formato particular que Deus mais aprecia? Há uma maneira melhor de prestar culto? Há um modo para o mundo todo adorar? A Bíblia esclarece que não é tanto o estilo ou formato da adoração em si que importa a Deus. O que Deus está buscando é a condição e a atitude do coração do adorador. A expectativa mais elevada na adoração, aos olhos de Deus, é "um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito" (Salmo 51:17). Deus não aprecia nossos sacrifícios, nossas formas de adoração, quando não encaminhamos a conversa para "praticar a justiça, amar a fidelidade, e andar humildemente com o seu Deus" (Miquéias 6:8).  

É, portanto, a transformação genuína do coração que vai garantir o formato genuíno de adoração. Qualquer formato que utilizemos será destituído de significado se não o fizermos com um coração transformado. Numa corporação global, multicultural, como a Igreja Adventista, onde quer que adoremos, os mesmos princípios devem guiar nossa compreensão do que é a adoração. Derivados da Palavra de Deus, esses princípios são imutáveis e eternos, independentemente de tempo ou lugar. A divergência está em nossas expressões de adoração, no modo como adoramos. Precisamos determinar que atitudes, moldadas por nossa cultura, expressarão melhor a reverência. Aqui a pergunta real é: "Este modo particular de expressão, dentro de dada cultura, será verdadeiramente entendido como expressando reverência a Deus?"

O mesmo é verdade com respeito à alegria. Há modos diferentes de ser alegre. Alguns saltam e gritam, outros são calmamente alegres. Qualquer que seja a cultura em que vivemos, precisamos descobrir o modo mais legítimo de expressar a alegria que procede da adoração bíblica. Que tipo de alegria deveríamos esperar desfrutar na adoração? Há diferença entre o tipo de alegria que experimentamos na adoração e a celebração que fazemos num jogo de futebol ou num evento musical? A alegria proveniente da adoração é muito especial, incomum. Ela é semelhante à nossa alegria humana, mas também muito diferente. O relato feito por Neemias sobre a dedicação dos muros de Jerusalém após o retorno de Israel do exílio, diz que eles estavam contentes "porque Deus os enchera de grande alegria" (Neemias 12:43). Assim, a alegria na adoração é um contentamento concedido por Deus, o resultado de nosso encontro com Ele e daquilo que Ele fez por nós. Nossa busca dessa alegria concedida por Ele é muito importante porque ela amoldará nossas expressões de adoração: a maneira como nos comportamos durante o serviço de adoração, a música que executamos e como executamos essa música. 

Uma das difíceis realidades da adoração é que ela traz consigo uma tensão, como podemos notar, entre o participante humano e o participante divino; entre as expressões de alegria e reverência, e entre o que é apropriado e o que é relevante. Essa é uma tensão saudável porque constantemente nos desafia em nossa adoração. Ela requer que não poupemos esforços para encontrar um equilíbrio sadio entre os dois elementos. Essa tarefa não pode ser feita por uma única pessoa; ela envolve toda a congregação para assegurar que nossa adoração seja agradável a Deus. 

Sob a perspectiva dessa tensão, qualquer discussão sobre formas e formatos de adoração toma uma nova direção. A questão não é mais escolher entre estilos -- o que poderia significar que há alguns estilos melhores do que outros -- mas fazer escolhas dentro de um determinado estilo. Uma multiplicidade de estilos e adoração está disponível e dentro de cada estilo devemos escolher os elementos que adequadamente transmitem os verdadeiros valores da adoração.

Formas e formatos não são a meta ou o propósito da adoração. Eles são agora resultados e conseqüências de nossa reflexão sobre adoração. A essa altura, novas perguntas surgirão e orientarão nossa busca da verdadeira adoração:

  • Como podemos captar o senso de santidade na adoração? 
  • Como podemos moldar o serviço de adoração, de forma que o adorador seja conduzido a concentrar-se em Deus, em vez de na música ou na pregação? 
  • Como podemos expressar alegria e reverência na adoração e manter o equilíbrio entre as duas? 
  • Que expressões de adoração podem ajudar os membros da congregação a se tornarem melhores praticantes de sua fé, ou seja, exercer misericórdia e justiça, os sinais da verdadeira adoração? 
  • Como o serviço de adoração pode comunicar nossa mensagem ao mundo? 

Precisamos reaprender como adorar. O segredo para conseguir isso é reaprender como nos ligarmos a Deus em um nível pessoal. A adoração corporativa principia no nível pessoal. À medida que aprendermos a conhecê-Lo melhor e como nos aproximarmos dEle, à medida que aprendermos a maneira de nos dirigirmos a Ele e de nos relacionarmos com nossos companheiros de adoração, descobriremos como tornar nosso serviço de adoração mais significativo. 

Fonte: Diálogo Universitário.

Um oceano de ideias

por: Daniel Azevedo

Johann Sebastian Bach (1685-1750) é considerado por muitos como um dos maiores gênios musicais do mundo ocidental. Sua obra é amplamente executada e apreciada, não somente no meio erudito, mas em diferentes contextos e segmentos musicais. Nascido em Eisenach, Alemanha, Bach era membro de uma família de músicos. Foi violinista, cravista, organista, regente de corais, compositor e educador musical, entre outras ocupações. 

Em seu livro J. S. Bach for Electric Bass, o Ph.D. Bob Gallway afirma: “Músicos de Ludwig van Beethoven a Keith Jarrett têm estudado Bach, e sua obra tem proporcionado prazer e inspiração por mais de 200 anos. Desde sua criação, as composições de Bach têm sido tocadas em quase todo instrumento musical imaginável”. O autor destaca ainda que qualquer baixista, independentemente de seu estilo musical ou foco de atuação, certamente alcançará um significativo avanço nos aspectos técnica, apreciação e compreensão musical, através do estudo e domínio de suas peças.

Meu interesse maior pela obra de J. S. Bach surgiu durante a faculdade de Licenciatura em Música. O contato mais significativo ocorreu em aulas expositivas da disciplina de História da Música, onde pude apreciar peças belíssimas desse inigualável compositor do período Barroco. Mais tarde, ao pesquisar sua vasta obra, encontrei fontes preciosas de ideias e possibilidades musicais. Ao mergulhar nesse universo de novas sonoridades e estímulos, fui naturalmente motivado a estudar outros instrumentos, como o violão erudito e o violoncelo.

Na adolescência, tive contato com a música erudita de diferentes períodos. As composições de Vivaldi, Beethoven e Mozart me fascinavam, mas pouco conhecia a respeito da influência de Bach sobre os compositores dos classicismo e do romantismo. "Estude Bach! Aí você encontrará tudo" - Johannes Brahms, citado em Johann Sebastian Bach: an introduction to his life and works‎, p. 19. Ludwig van Beethoven, que o considerava o pai da harmonia, afirmou: "Bach (riacho, em alemão) deveria se chamar Ozean (oceano) e não Bach!". 

Bach é também o mais influente compositor cristão da história da música. Segundo ele, "o objetivo e finalidade maior de toda música não deveria ser outro além da glória de Deus e a renovação da alma". Bach costumava concluir suas obras com as iniciais S. D. G. (Soli Deo Gloria), dedicando-as "à glória de Deus somente".

Ao passar tantos anos com minha atenção voltada exclusivamente para a música popular, com suas infinitas vertentes, perdi de vista o fundamento de quase tudo o que se constrói em música há séculos. Por vezes, questionei o fato de haver tantos métodos sobre música barroca, dedicados ao contrabaixo. Hoje, compreendo o valor desses estudos e a razão do profundo interesse de instrumentistas em geral, compositores e arranjadores, pelo trabalho de Johann Sebastian Bach. O impacto de suas ideias se estende ao longo da história da música ocidental, alcançando os nossos dias.

A música e o sobrenatural III

A música cubana é popularmente conhecida como salsa. É composta de ritmos extremamente envolventes e dançantes, que se distinguem pela repetição de ideias rítmicas, com a presença constante e excessiva de síncopes (deslocamento da acentuação natural da música). É praticamente impossível não se mover ouvindo música cubana. 

Por aproximadamente dois anos, participei de um projeto musical em Porto Alegre, tocando somente ritmos cubanos. Tratava-se de um grande grupo, com diferentes instrumentos de percussão, como timbales, congas, bongôs e outros, além de metais, contrabaixo, teclado e, é claro, um cantante à frente do grupo. 

As apresentações com essa banda de salsa aconteciam em casas noturnas, festas particulares, shopping centers e espaços culturais. Sempre que possível, havia a participação de dançarinos profissionais e alunos de suas academias de dança de salão. As pessoas dançavam realizando movimentos sensuais e todos bebiam e se excitavam com aqueles ritmos hipnóticos. Não poucas vezes, presenciei cenas de assédio e traição. E lá estava eu, tocando contrabaixo, promovendo as frequências graves que, somadas aos motivos rítmicos dos diferentes instrumentos de percussão, criavam o ambiente sonoro ideal para a dança e a libertinagem. Os resultados sobre o público não eram diferentes daqueles produzidos nos shows de rock, ou seja, tínhamos ali pessoas excitadas, eufóricas, fisicamente estimuladas, que agiam, não de modo racional, mas sim, movidas por paixões baixas. 

Houve uma ocasião em que tocamos na inauguração de um pequeno bar, cujos donos eram cubanos. Naquela noite, houve um episódio curioso. Enquanto o público dançava, eu e os demais músicos nos divertíamos com o ritmo contagiante e também com o cantante cubano que estreava no grupo, com seus improvisos de melodia e letra (pregón). Então, o pianista sugeriu um coro diferente sobre aquela mesma música. Agora, todos nós não apenas tocávamos nossos respectivos instrumentos, como também cantávamos o novo coro, repetindo as mesmas palavras, muitas e muitas vezes, ao som ininterrupto dos tambores. Tudo soava natural, quando comparado ao repertório do grupo, pois as demais músicas também continham coros repetitivos, sobre os mesmos ritmos envolventes. Mas havia algo mais naquele momento, alguma sensação diferente, muito atraente e estimulante. Era uma sensação de prazer crescente. 

Mais tarde, durante o intervalo, procurei o pianista e também líder do grupo, para lhe perguntar sobre o significado dos versos em espanhol que havíamos cantado com tanto entusiasmo. Tratava-se de uma reza, um cântico de adoração a uma “entidade”, um “orixá”. Na verdade, enquanto tocávamos e cantávamos aquela reza, de modo repetitivo e contagiante, estávamos invocando a presença de um espírito (um demônio ou anjo caído) naquele local. 

Por muito tempo, permaneci às cegas com relação à verdade sobre a imortalidade da alma. Não foi difícil conectar o acontecimento com lembranças da infância, das vezes em que fui levado pelos familiares a sessões espíritas e reuniões em casas de umbanda. Nesses lugares, testemunhei eventos sobrenaturais, como possessões, curas e outros rituais. Lembro-me bem dos cânticos de adoração, cantados de modo repetitivo, conduzidos pelos tambores com um ritmo contínuo.  

Podemos conhecer o que a Bíblia nos revela sobre o espiritismo ou a feitiçaria em seus múltiplos disfarces em textos como Deuteronômio 18:10-12, Isaías 8:19-20, Levítico 19:31, Eclesiastes 9:5-6, Levítico 20:6 e outros. Podemos entender de forma clara e objetiva o quanto Deus abomina e condena tais práticas.

Ao observar a história da música ocidental, percebo a trajetória e o desenvolvimento de determinados ritmos, bem como seu uso em rituais pagãos e sua presença na música popular contemporânea. Além disso, a ciência hoje é capaz de comprovar quais são os resultados de ritmos e melodias monótonos sobre a mente humana.

A relação torna-se óbvia. Urgente é a necessidade de vigiarmos, guardarmos as avenidas da alma, os sentidos, através dos quais exercitamos a contemplação.  

"Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus." Gálatas 5:19-21 

A batalha sonora

O vídeo a seguir apresenta o ex-artista de hip-hop Ivor Myers em uma de suas palestras. Myers fala de suas próprias vivências musicais e explica, de forma prática e objetiva, quais são os riscos físicos, morais ou espirituais do envolvimento com determinados ritmos e estilos da música popular. Aproveite!



Livre das garras do sucesso

Por mais de 25 anos, o jornalista e autor Miguel Bispo dos Santos dedica-se a pesquisas sobre os diferentes gêneros musicais e seus efeitos na mente humana, realizando palestras por todo o Brasil. Seu testemunho tem alcançado a confiança de comunidades que se preocupam com a influência da música sobre a mente e o comportamento de menores, principalmente. A entrevista a seguir foi publicada no site Criacionismo.

Miguel Bispo dos Santos sempre esteve muito envolvido com a música secular, especialmente do tipo rock. Vivia longe de Deus e buscava simplesmente a fama e o dinheiro. Até que percebeu que essas coisas, em última instância, não trazem a verdadeira felicidade e a esperança. Descobriu algo mais importante para sua vida e tomou outro rumo, abrindo mão de tudo o que o sucesso poderia lhe oferecer. Nesta entrevista, concedida a Michelson Borges, o autor do livro Livre das Garras do Sucesso (Casa Publicadora Brasileira) fala um pouco dessa experiência:

Fale um pouco de sua vida antes de conhecer o evangelho.

Fui criado em lar cristão e descobri desde cedo que tinha o dom de compor. Escrevi muitas letras de músicas de diversos estilos. Dos 13 até os 18 anos, preparei mais de 300 músicas, chegando a gravar duas fitas. As pessoas ao meu redor acreditavam mesmo que eu teria um futuro promissor no mundo musical. E eu também acreditei que isso era de fato importante. 

Como seu interesse pela música rock foi despertado e que influência ela teve em sua vida?

Nos anos 1980 passei a admirar a música rock’n’roll. Não o rock pesado (heavy metal). Gostava de algumas bandas nacionais, mas nunca me identifiquei com o tipo de admirador que se deixava influenciar, a ponto de deixar os cabelos exageradamente crescidos, de fazer tatuagens no corpo, usar drogas, ou ser “fã de carteirinha”. Felizmente, conseguia ter equilíbrio, discernimento e, ao mesmo tempo, prestava atenção nas letras e não me deixava levar por suas propostas.

Fale sobre sua conversão.

Foi algo surpreendente. Eu acreditava que um dia conheceria o infinito ou que aceitaria a existência de um Deus poderoso, pois o pouco que aprendi na Igreja Batista, que freqüentei por algum tempo, me ajudou a ter cuidado e direção. A frase bíblica que mais me marcou foi: “Se Deus é por mim, quem será contra mim?” 

No fim dos anos 1980, minha vida começou a ser direcionada mais ainda para a verdade. Lembro que, aos 13 anos, compus um louvor sobre a volta de Jesus, depois de ter sonhado com Ele me salvando, voltando e me chamando. Com efeito, a onisciência de Deus é real, pois está escrito: “Senhor, Tu me sondaste e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.” Salmo 139:1 e 2. Não é da vontade de Deus que as pessoas se percam. 

Minha conversão aconteceu num momento em que eu estava com 18 anos e começava a colher os frutos da dedicação à música popular brasileira (MPB). Fui convidado a escrever letras de música para uma banda de rock recém-organizada e que se preparava para gravar seu primeiro disco por uma gravadora. Foi aí que tive de tomar uma grande decisão. Orei a Deus pedindo orientação, ou seja, se eu deveria ou não assinar o contrato. A voz que me falou à consciência foi a resposta de Deus: “Miguel, aqui não é o seu lugar. Eu não quero você aqui.” Cumpriu-se, então, a Palavra do Senhor: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida.” Gênesis 50:20. 

Depois disso, passei a procurar uma religião. E ao conhecer a verdade, fui abordado por Satanás que tentou de tudo, desde a fama até o poder no mundo da música, para que eu não aceitasse Jesus. Travou-se em mim a renhida batalha entre o bem e o mal. Graças a Deus, o bem venceu! 

(Para mais informações, recomendo a leitura do livro Livre das Garras do Sucesso.)

Por que o estilo de música rock é incompatível com o cristianismo?

Luz e trevas não se misturam. De 1950 para cá, se constatou que em todo o mundo os guitarristas usam o artifício hipnotizador e ultra dançante, do sistema chamado riff de guitarra. Com ele, as mentes são alvo fácil. Esse sistema contribui para a popularização de vários grupos musicais e os jovens se acham indefesos contra os efeitos dessas músicas. Em Salmo 1:1 está escrito: “Felizes são aqueles que não se deixam levar pelos conselhos dos maus, que não seguem o exemplo dos que não querem saber de Deus e que não se juntam com os que zombam de tudo o que é sagrado.”

Por que a música é tão poderosa em influenciar as pessoas, especialmente os jovens?

O poder da música em influenciar pessoas já vem de muito tempo. Aprendemos que Lúcifer fora regente do coro celestial até que se rebelou contra Deus, e ao ser expulso do Céu caiu com todo o seu conhecimento. Sendo assim, só existem dois espíritos inspiradores da música: o de Deus, Criador, e o de Satanás, criatura. Ou seja, a música é muito mais do que aquilo que se apresenta em um conservatório musical.

O nome rock’n’roll vem da gíria dos negros norte-americanos do início do século 20, que usavam a expressão rock’n’roll para falar do ato sexual. Ao que se sabe, o primeiro registro musicado dessa junção erótica dos verbos to rock (balançar) e to roll (rolar) está num blues gravado pelo cantor Trixie Smith, em 1922, intitulado “My daddy Rocks Me (With One Steady Roll)”, que se poderia traduzir mais ou menos assim: “Papai me balança (com um rolar ritmado)”. Essa conotação sensual se usava nas letras de rhythm’n’blues; era uma febre dançante dos anos 1940 que, ao quebrar a barreira racial e conquistar os adolescentes brancos, ganhou um novo nome: rock’n’roll. Quem a batizou foi o disc jockey (DJ) Alan Freed, principal responsável por essa popularização através de um programa de rádio. Ele estreou em 1951 com o nome de “The Moondog House” (A Casa do Cão-da-Lua), mas um processo do músico Louis “Moondog” Hardin, cuja canção “Moondog Symphony” havia inspirado o apelido, levou Freed a mudar o nome, em 1954, para “Rock’n’Roll Party” (Festa do Rock’n’Roll). Mas o certo é que essa expressão, no entanto, já ganhara um significado mais amplo do que um ritmo sensual, dança agitada, com batidas fortes e para ser diversão ou entretenimento. Não seria mais apenas sexo, sexo e sexo. 

Está aí a razão para que tais ritmos dominem milhões e milhões de jovens em todo o mundo. O rock veio de fontes turvas. O que parece ser uma diversão é, na verdade, uma profanação e idolatria.

Que critérios um cristão deve ter ao escolher que música ouvir?

Todos os que assistem à televisão, aos vídeos e aos DVDs, devem adotar o mesmo critério. Cumpre observar o que se acha revelado em Filipenses 4:8 e 9: “Por último, meus irmãos, encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo que é verdadeiro, digno, correto, puro, agradável e decente. Ponham em prática o que vocês receberam e aprenderam de mim, tanto com as minhas palavras como com as minhas ações. E o Deus que nos dá a paz estará com vocês.”

Por que resolveu escrever um livro contando sua experiência?

Comecei as pesquisas em 1983; iniciei as palestras em 1988, e o livro foi lançado no ano 2000, pela Editora Tempos. Em 2003, foi editado pela Editora Adelfo; e em 2004, pela Casa Publicadora Brasileira, que então adquiriu os direitos de publicação. Escrevi o livro Livre das Garras do Sucesso porque, nos meus 20 anos de ministério pessoal e voluntário, vi a necessidade dos jovens, em particular, e a carência de uma obra específica sobre o assunto, em geral, para todos conhecerem a verdade sobre seus frágeis ídolos. 

A experiência no trato com os jovens tem demonstrado que poucos deles sabem o fim trágico que tiveram os cantores e artistas, talvez por desconhecerem com quem estivessem lidando – o príncipe do mal. Esse inimigo tem levado muita gente à sepultura; pessoas que, se tivessem sido alertadas com maior ênfase, talvez ainda estivessem vivas, como eu, para testemunhar da libertação encontrada em Jesus. 

A verdadeira sabedoria é dom de Deus: “Donde, pois, vem a sabedoria, e onde está o lugar do entendimento?”. “Só Deus conhece o caminho; só Ele sabe onde está a sabedoria.”. “E Ele disse aos seres humanos: ‘Para ser sábio, é preciso temer o Senhor; para ter compreensão, é necessário afastar-se do Mal.” Jó 28:20, 23 e 28.

“Mas se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e Ele a dará porque é generoso e dá com bondade a todos.” Tiago 1:5

Contatos com Miguel Bispo dos Santos: miguellbispo@yahoo.com.br

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