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A música e o sobrenatural I

por: Daniel Azevedo

“Levou-lhe ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e Lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.” Mateus 4:8 e 9 

Houve um tempo em que, buscando o sucesso pessoal e profissional como instrumentista, desejei tocar ao lado de músicos famosos. Na época fui indicado para acompanhar um artista conhecido, mas antes de ser chamado, soube que já havia outro baixista em meu lugar.

Uma pessoa próxima costumava frequentar uma casa onde consultavam espíritos e, segundo diziam, faziam somente o bem. Então, esses espíritos me enviaram um recado por essa pessoa, dizendo que, para conseguir o que eu desejava, ou seja, obter um lugar de sucesso junto a um renomado artista, eu teria de seguir algumas instruções especiais.

Eu deveria, segundo eles, realizar rituais na minha própria casa, utilizando velas, cinza, ervas e outros ingredientes estranhos durante alguns dias, sempre num horário determinado. Diariamente, após o ritual, deveria sair e jogar toda a sujeira na rua.

É claro que, no primeiro momento, achei tudo isso um completo absurdo. Não chegaria a tal ponto de me sujar com cinza e outras imundícies. Mas por outro lado, eu já vivenciara experiências semelhantes durante a infância e restava ainda em mim um resquício de fé nos espíritos. Aprendera quando criança que havia espíritos “bons” e “maus”. E desta vez, as instruções pareciam vir do lado “bom”.

Havia também o desejo de "me dar bem", de ser um músico bem sucedido. Afinal, o que os outros iriam pensar? Certamente muitos desejariam estar no meu lugar e invejariam o meu novo “cargo”. Eu não poderia perder aquela chance por nada.

Assim, demonstrando fé na existência de espíritos de pessoas mortas, bem como no seu suposto poder de controlar o futuro, me submeti às suas ordens e cumpri uma série de rituais, sempre movido pela cobiça.

No dia seguinte à última sessão de rezas e velas acesas, o telefone tocou. Era o próprio cantor me convidando para formar a banda que o acompanharia nos próximos shows. Surpreso com o chamado, tive uma falsa sensação de conquista pessoal. Não entendia, na época, como as coisas poderiam ter acontecido tão rapidamente, mas associava os resultados à experiência com os supostos espíritos.

Muitos artistas atingem o topo de suas carreiras através de métodos semelhantes. Alguns se submetem a provas de fé realmente degradantes, como por exemplo, exumar um cadáver e comer carne humana. Já passaram das primeiras etapas, onde realizaram coisas mais simples . Precisam então se aprofundar mais e mais no relacionamento com os espíritos provando, mediante suas exigências, o quanto realmente creem neles. Não importa o quanto tenham de se rebaixar, o desejo pelo sucesso está acima de qualquer coisa.

Quem são esses espíritos que imitam pessoas já falecidas, muitas vezes personificando nossos próprios entes queridos? São eles realmente quem dizem ser? Nos textos abaixo percebemos que, de acordo com a Bíblia, não há vida após a morte.

“... aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” Hebreus 9:27

“Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” Eclesiastes 9:5-6

“Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios.” Salmos 146:4

As Escrituras são claras com relação à natureza desses enganos e revelam a verdadeira identidade dos espíritos.

“Houve peleja no céu. Miguel e seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos.” Apocalipse 12:7-9

A palavra Miguel significa “Aquele que é como Deus”. Na Bíblia, se refere sempre à pessoa de Jesus Cristo. Assim, compreendemos que os chamados “espíritos” são, na verdade, anjos que após grande rebelião foram derrotados e expulsos do céu, juntamente com seu líder Lúcifer, aqui simbolizado como um dragão.

Estes anjos caídos, que podemos chamar de demônios, estão ao nosso redor e interferem na nossa vida como se fossem entidades ou espíritos de mortos. Para muitos, porém, eles se revelam de forma bastante direta, sem disfarces.

A partir do momento em que revelamos fé nestes seres através da obediência e da adoração, permitimos sua operação em nossa vida. Então, fazendo parecer que estão no controle de acontecimentos futuros, manipulam as circunstâncias para que se cumpram suas predições. Criam uma relação de troca de favores, oferecendo prosperidade, fama e fortuna se os adorarmos como se fossem deuses.

Aos poucos, percebi o quanto estava enredado nestes enganos, dando crédito a uma farsa. Pouco tempo depois, tomei a decisão de me desligar daquele trabalho.

Hoje percebo que há um caminho melhor para alcançar realização. Falo de um prazer maior do que aquele que o mundo oferece, pois com o dinheiro e os aplausos permanecia o vazio de um sucesso passageiro, sem significado ou propósito.

Há um prazer duradouro quando adoramos e servimos ao verdadeiro Deus, quando nos sentimos como instrumentos em Suas mãos. Há paz e descanso quando submetemos nossos sonhos à sua vontade, pois Ele certamente cuidará de tudo, no Seu tempo.

“Não terás outros deuses diante de mim.” Êxodo 20:3

“Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor [...]” Deuteronômio 18:10-12

As mãos do Mestre

por: Daniel Azevedo

Podemos aprender muito observando as mãos de instrumentistas e regentes. Aprendi a tocar contrabaixo elétrico observando as mãos do meu professor, enquanto me ensinava a obter o melhor som. Gravava seus movimentos e procurava imitá-lo. O mesmo acontecia quando observava outros músicos.

Mais tarde, decidi estudar contrabaixo acústico sem professor. Passei a colecionar fotos de contrabaixistas para observar suas mãos. Buscava reproduzir a postura e o posicionamento das mãos destes músicos, associando as diferentes abordagens às respectivas sonoridades.

Quando observo as mãos de um regente à frente de um coral ou orquestra, posso ver suas emoções sendo transmitidas aos músicos através de movimentos e expressões. Observo duas mãos moldando o som de muitas vozes e instrumentos.

Hoje quero contemplar com você as mãos de Jesus Cristo. São as mãos de um carpinteiro, mãos que desde a juventude conheceram o labor. Não buscaram exaltação ou benefício próprio, mas estiveram sempre prontas para servir a outros e para fazer o bem. As mãos de Jesus não dedilharam cordas, mas tocaram corações despedaçados, curaram enfermos e alimentaram famintos. Não conduziram vozes ou instrumentos, mas conduziram vidas destruídas ao arrependimento e perdão.

Mas estas mesmas mãos foram violentamente estendidas e atravessadas por enormes pregos. Sangraram, presas a uma cruz. Trazem marcas, cicatrizes que nos fazem refletir sobre um acontecimento que mudou o curso da nossa história. Estas mãos feridas intercedem hoje por nós junto ao Pai. As marcas são a garantia da nossa salvação. Por mais que tenhamos errado ou por mais longe que estejamos de Deus temos, mediante a fé, a certeza de que somos perdoados e aceitos como filhos Seus.

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16

"Nas palmas das minhas mãos te tenho gravado." Isaías 49:16.

Felicidade passageira ou felicidade eterna?



por: Daniel Azevedo

A música sempre esteve em primeiro lugar em meu coração e, mais tarde, em minha vida. Aos quatorze anos decidi tocar um instrumento, o contrabaixo elétrico. Aos dezoito, escolhi viver da música e para a música. Dedicaria todo o tempo livre para a prática do instrumento. Mas também cultivaria o orgulho, buscando o reconhecimento e a admiração das pessoas. Tinha o desejo de me tornar um renomado instrumentista. Pensando ser esse o caminho para a real felicidade, me aventurava em um terreno perigoso. 

Um amigo sincero, também músico, me falara sobre Deus algumas vezes. Respeitava sua fé e compreendia a seriedade das Escrituras, mas o sonho de ser um músico bem sucedido parecia inabalável. Não havia lugar para Deus. 

"Porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus." João 12:43 

Pouco a pouco, me afastava dos familiares e amigos, vivendo num mundo de interesses ligados à música. Logo surgiram os primeiros trabalhos como baixista. Os próximos dez anos seriam empregados na realização de conquistas individuais. Fazia parte agora, de uma corrida. Não havia tempo para as pessoas. Não havia tempo para Deus.

O meio musical profissional é um mundo de aparências. Felizmente, nem todos são assim. Conheci pessoas muito especiais nesses anos de experiência. Mas eu me identificava com a maioria, vivendo numa rotina de comparações, vaidade e cobiça. Quem toca melhor? Quem canta melhor? Quem possui o melhor instrumento? Quem estuda mais horas por dia? Quem toca com os melhores ou mais famosos? Quem aparece mais na mídia?

É interessante perceber que existem posturas como essa na música cristã, onde o foco deve ser outro. Muitos buscam realizar no meio cristão o que gostariam de estar fazendo nos palcos, desviando assim todas as atenções para o "eu". Esta é uma armadilha eficaz, na qual podemos tropeçar a qualquer momento.

Passados alguns anos, julguei ter alcançado meu sonho. Tudo parecia ótimo - shows, viagens, gravações, nome nos jornais, elogios, aplausos, dinheiro. Mas faltava algo. Não me sentia realmente feliz. Todas essas coisas traziam apenas uma passageira sensação de felicidade, incompleta, vazia.

Além disso, algumas coisas não me agradavam. Não apreciava o repertório de muitos trabalhos. Música de qualidade não era valorizada. Não me sentia à vontade em ambientes carregados de vícios, promiscuidade e corrupção. O volume ensurdecedor da música nos bares e festas me incomodava. Às vezes me perguntava: "Por quanto tempo vou viver assim, trocando o dia pela noite, tocando o que não gosto por dinheiro? Onde está a arte nisso? Realmente vale a pena?"

Novamente, alguém me falava de Deus e, novamente eu não dava ouvidos. Mas recebi um presente, um livro chamado Viagem ao Sobrenatural. O livro falava de um Deus que eu não conhecia. Um Deus que Se importa comigo e com você também. Um Deus que Se preocupa com os meus problemas e com a minha felicidade, em todos os aspectos. Um Deus que me ama e me aceita, apesar de todos os meus defeitos.

Desejei me aproximar, conhecê-lo mais através das Escrituras. Sentia agora Sua presença ao meu lado e a certeza de que nunca mais estaria sozinho diante de qualquer dificuldade.

"Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo." Apocalipse 3:20

Hora de mudar, rever valores e conceitos sobre Deus, vida, família, relacionamentos, trabalho e música. Era livre para tomar decisões contrárias às minhas antigas convicções. A música não pode ocupar o lugar do Criador da música. Simplesmente devolvi a Jesus o que já Lhe pertencia por direito, o primeiro lugar em meu coração e em minha vida.

Aqui está a resposta. O homem não pode viver completamente feliz longe de Deus. Todo esforço é inútil. Nada se compara à alegria de andar ao lado de Cristo todos os dias. Só Ele pode realizar os teus sonhos completamente, pois conhece o teu coração como ninguém. Cremos que a felicidade está nos bens materiais ou pode ser alcançada pelo próprio esforço. Isso só traz felicidade passageira, prazer momentâneo. Deus nos reserva algo maior e mais completo. Ele quer te conceder felicidade eterna.

"E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste." João 17:3

Surdez voluntária

por: Daniel Azevedo

Após alguns anos me acostumei a ouvir música de modo frio e analítico, buscando somente a informação musical contida ali. Tornou-se natural para mim, dar atenção somente aos aspectos relacionados ao meu instrumento, o contrabaixo.

Meus ouvidos congelaram para as emoções, para as mensagens e para o prazer de apreciar a música mais profundamente. A letra de uma canção poderia conter bobagens, desde que o meu instrumento favorito tivesse algum destaque. Só ouvia o que estava de acordo com o meu interesse.

Quando tive contato com a música cristã, ainda concentrava minha atenção no arranjo instrumental. Muitas vezes preferi ouvir somente o playback das canções, pois as mensagens cantadas sobre Jesus me deixavam inquieto, o que era um bom sinal.

Um dia ouvi algo diferente. Não havia instrumentos na música. Era uma gravação acapella, um arranjo para quatro vozes. Podia perceber a harmonia, mas não havia piano ou qualquer outro instrumento. Nunca ouvira algo assim antes, tão suave e profundo, tão rico. E a mensagem na letra da canção já não me incomodava, mas me enchia de paz. A sonoridade das vozes associada ao conteúdo da letra produzia uma atmosfera de descanso e segurança, onde pude refletir sobre Cristo e sua atuação em minha vida.

Assim acontece em outras áreas da vida. Temos uma tendência egoísta que nos fecha numa prisão de interesses pessoais e orgulho. Frequentemente nos esquecemos dos que estão à nossa volta, daqueles que nos amam e nos estimam. Nosso tempo, nossas forças e habilidades são direcionados ao "eu". Quase sempre escolhemos assim.

Enquanto isso, há um Deus pessoal ao nosso lado, pronto a dar conforto, paz e alegria aos que O buscam com sinceridade.

"Pois Eu sei os planos que tenho para vós, diz o Senhor, planos de paz, e não de mal, para vos dar uma esperança e um futuro. Então Me invocareis, e ireis, e orareis a Mim, e Eu vos ouvirei. Buscar-me-eis, e Me achareis, quando Me buscardes de todo o vosso coração." Jeremias 29:11-13

MÚSICA E CONTEMPLAÇÃO
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