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O poder oculto do Jazz IV

por: Daniel Azevedo, músico e educador musical. 

Certa vez, li uma entrevista com o pianista de jazz norte americano Herbie Hancock (foto à esquerda), onde ele expõe sua visão espiritual acerca do jazz e de seu poder sobre os ouvintes. Segundo Hancock, que foi criado na tradição cristã, tudo começou numa noite de sexta-feira em meados de 1972, quando o pianista e seu grupo tocavam num clube de jazz em Seattle.

O local estava lotado e os músicos podiam sentir a “energia” do público que permanecia completamente absorvido pela música. Em seguida, ele pede à banda para tocar uma nova canção que inicia com um solo de contrabaixo acústico. Na entrevista Hancock descreve a cena da seguinte maneira:

a música e o sobrenatural V“Então, o baixista Buster Williams (foto à direita) começa tocando essa introdução. E o que saiu dele foi algo que eu nunca havia escutado antes. E não somente dele, mas nunca o ouvira de mais ninguém. Era tão somente pura beleza e ideias, e aquilo foi mágico. Mágico. E as pessoas estavam fora de si, por ser tão incrível o que ele estava tocando. Eu o deixei tocando por um longo tempo, talvez 10, 15 minutos. Ele apenas veio com ideia após ideia, cheio de inspiração. Então, eu pude sentir-me despertando, pouco antes de retornarmos com o tema da música. E eu poderia dizer que toda a banda acordou e havia alguma energia que era gerada a partir de Buster. Nós tocamos o set e foi como mágica. Quando terminamos, muitas pessoas correram até a frente do palco e estenderam suas mãos para apertar as nossas. Alguns deles estavam chorando, muito comovidos com a música. A música era muito espiritual também. Eu sabia que Buster era o catalisador para tudo isso, então eu o levei para a sala dos músicos e disse: ‘Ei, Buster, eu ouvi que você estava em alguma nova filosofia ou algo assim e, se ela pode fazer você tocar baixo como aquilo, eu quero saber o que é’.” [1]

No texto O poder oculto do Jazz III, curiosamente encontramos uma cena parecida onde, no decorrer de uma conversa, Roger Morneau e seu amigo ouvem a seguinte declaração de um músico de jazz bem sucedido:

“Na realidade, os espíritos tomam conta de nós; em outras palavras, eles se apossam de nós e nos dão energia, e nós repassamos essa influência para o público. Eles gostam do que recebem e sempre voltam para buscar mais da mesma coisa”. [2]

Perceba como as cenas se repetem nos dois relatos. Compare as seguintes expressões:

“Na realidade, os espíritos [...] se apossam de nós e nos dão energia, e nós repassamos essa influência para o público. Eles gostam do que recebem e sempre voltam para buscar mais da mesma coisa”.

“E as pessoas estavam fora de si, por ser tão incrível o que ele estava tocando. [...] havia alguma energia que era gerada a partir de Buster”.

Note que há sempre uma “energia” que é gerada e contagia o público, que então está fora de si, como num transe. Não há dúvidas de que há um poder externo e sobrenatural agindo através do fascínio que sentimos pelo jazz, como uma hipnose musical. Mais uma vez, percebemos a música sendo usada como um meio de atrair pessoas para longe do Verdadeiro Caminho.

11242014webpic20Por influência do baixista Buster Williams, Herbie Hancock tornou-se praticante do Budismo de Nitiren Daishonin, uma forma de filosofia centralizada na repetição do mantra Nam-myoho-rengue-kyo que significa “devotar-se à lei mística de causa e efeito”. Segundo creem os adeptos dessa prática, o mantra é “o caminho para alcançar a suprema iluminação”.

Porém, as Escrituras nos ensinam:

“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.”  João 14:6

Quando mais jovem estive em duas reuniões budistas onde recitamos, de forma contínua e repetitiva, por aproximadamente trinta minutos, textos escritos em ideogramas chineses e fonemas correspondentes em alfabeto português. As pessoas realmente acreditavam “estar em sintonia com o universo” ao despertarem “a natureza de Buda que está dentro de cada um de nós”.

Crenças como essa anulam por completo a fé no precioso sangue de Jesus Cristo derramado na cruz do Calvário como preço pelos meus pecados, pois sugerem que eu alcance uma perfeição que está, supostamente, dentro de mim mesmo. Um argumento semelhante foi utilizado por Satanás há cerca de seis mil anos:

“[...] vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal” Gênesis 3:5

Sua linguagem enganosa continua atraindo a milhares de pessoas através de filosofias que utilizam o conceito do “deus interior”. Essas e outras filosofias semelhantes estão bem presentes entre os músicos de jazz, servindo muitas vezes como fonte de inspiração até mesmo para suas composições. Essa influência é grandiosa sobre seus ouvintes, músicos e admiradores.

O objetivo do adversário de Deus é desviar a nossa atenção da salvação que nos é oferecida mediante a fé no sacrifício de Jesus. Os caminhos e distrações são os mais variados, pois para Satanás, os fins justificam os meios. Conheça e compare suas estratégias lendo O poder oculto do Jazz I, O poder oculto do Jazz II e O poder oculto do Jazz III.

REFERÊNCIAS:

[1] http://www.beliefnet.com/Faiths/Buddhism/2007/10/Herbie-Fully-Buddhist.aspx
[2] Roger Morneau, Viagem ao Sobrenatural (São Paulo: CPB, 2004), p. 20.


"Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar;" I Pedro 5:8

O poder oculto do Jazz III

por: Daniel Azevedo, músico e educador musical.

O que faz com que o jazz exerça um fascínio tão grande sobre ouvintes e músicos? Por que existem tantos apreciadores do gênero? O que há por trás do efeito magnético do jazz?

Na infância, um dos meus passatempos favoritos era desenhar naqueles livros de ligar pontos. Pouco a pouco, os traços ganhavam forma e significado, desfazendo assim, toda a expectativa sobre as imagens ocultas. Minha experiência com o jazz, como ouvinte e instrumentista, fixou os primeiros pontos que futuramente revelariam uma imagem nítida da realidade invisível disfarçada no gênero popular. 

Roger Morneau, em seu livro Viagem ao Sobrenatural, narra um episódio interessante. Num encontro com um músico de jazz bem sucedido, o autor tem acesso a informações não divulgadas sobre esse estilo musical e o caminho para o êxito. Durante um jantar, o músico revela a Roger e a seu amigo que, após experimentar o fracasso como músico de jazz por muitos anos, conheceu o culto aos demônios, poder através do qual alcançara o sucesso de forma instantânea, por meio de rituais, submissão e adoração. Desde então, o músico e sua banda de jazz permaneciam sendo aclamados pela imprensa e atendendo a uma grande demanda de concertos e entrevistas. 


No decorrer da conversa, Roger Morneau e seu amigo ouvem a seguinte declaração daquele músico de jazz: 

“Na realidade, os espíritos tomam conta de nós; em outras palavras, eles se apossam de nós e nos dão energia, e nós repassamos essa influência para o público. Eles gostam do que recebem e sempre voltam para buscar mais da mesma coisa”. 

Ao ler esse livro, exatamente neste ponto, não pude deixar de associar a declaração acima com outro fato que me perturbava. 

As músicas que formam o repertório comum entre os músicos de jazz são chamadas de standards e estão reunidas em grossos livros, do mesmo modo que hinos cristãos são organizados em hinários. O livro de standards mais antigo e comum chama-se The Real Book (O Livro Real) e começou a ser utilizado na década de 1970 por músicos jazzistas nos Estados Unidos. O livro foi produzido e distribuído de forma ilegal em suas primeiras cinco edições, não havendo autor ou informações sobre publicação e sem qualquer relação com a lei de direitos autorais sobre as composições. Somente em 2004, a partir de sua sexta edição, o livro passou a ser publicado de forma legal.

Eu possuía uma cópia daquele livro, bem como vários outros materiais semelhantes para o estudo de standards de jazz. A música que abre o livro chama-se “A call for all demons” (Um chamado para todos os demônios). Conhecendo o testemunho de Roger Morneau, aquilo não podia ser apenas uma coincidência. 

Ao final da partitura da música encontramos a seguinte informação: Sun-Ra - "Angels and demons at play". O compositor se autodenomina “Sun Ra” (Sun = sol; Ra = deus da mitologia egípcia) e seu álbum tem como título “Anjos e demônios envolvidos”. Sun Ra era músico de jazz, poeta e filósofo conhecido por suas filosofias “cósmicas”, pregando “a consciência e a paz sobre todos”. 

Outras composições contidas no Real Book também apresentam nomes sugestivos como “Prince of Darkness” (Príncipe das Trevas) de Wayne Shorter, “Reincarnation of a Love Bird” (Reencarnação de um Pássaro do Amor) de Charles Mingus, “The Magician in You” (O Mago em Você) de Keith Jarret e “Wings of Karma” (Asas de Karma) de John McLaughlin. 

Seriam essas informações apenas fatos desconectados, sem relação direta com um poder sobrenatural agindo nos "bastidores" do mundo do jazz? Quando ligamos esses relatos às origens históricas e místicas do jazz, as peças do quebra-cabeças começam a se encaixar.  

“Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? Ninguém!” Jó 14:4

O poder oculto do Jazz II

No texto a seguir, Louis R. Torres, ex-baixista da banda de rock and roll Bill Haley and the Comets, apresenta evidências históricas que apontam a origem e a trajetória dos elementos rítmicos característicos no Jazz e outros gêneros musicais e sua ligação com o paganismo. Boa leitura! 

por: Louis R. Torres, músico, pastor e escritor. Co-autor do livro "Notes on Music".

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"Conforme estudei música e seus poderosos efeitos nas pessoas, minha atenção se voltou para os polirritmos (ou síncopes complexas) que eu costumava tocar com tanto entusiasmo. O estudo dos doutores Bird e Brekenridge revelou que os polirritmos típicos do Rock, Jazz e Blues e outros estilos desse tipo de música, causaram desordens nos neurônios de cobaias de laboratório. Mas o que o estudo não pôde revelar foram as implicações espirituais desse tipo de música.

"[...] Milhares de pessoas tem sido vitimadas pela música polirrítmica. A história revela que o uso de ritmos sincopados, com sua habilidade para alterar estado de consciência, descendem do Egito antigo. É no Egito antigo que os historiadores encontraram a origem da música de percussão sincopada e seus usos. Nos templos, os sacerdotes utilizavam intencionalmente síncopes complexas para induzir transes e outras perturbações. [1]

"Os primeiros percussionistas aprenderam a induzir respostas psicológicas, desde êxtases e alucinações até convulsões e estados de inconsciência. [2] 

"Essa forma de adoração pagã foi, com o passar do tempo, transportada para a África Central, onde fincou raiz em Duhomy, conhecido hoje como Republica Democrática do Congo. [3] Duhomy (ou Congo) se tornou o centro da religião vodu. Os participantes eram impulsionados pelas batidas rítmicas. Na dança do ventre, ombros, nádegas, barriga e tórax eram separadamente ou simultaneamente sacudidos ou contorcidos, ou movimentados de alguma forma. [4]

"Através do comércio de escravos, essa música de adoração ao demônio, com sua batida ininterrupta, foi transportada para a ilha de Hispaniola, no Caribe. Ali, novamente, fincou raízes. Hoje, o vodu continua a ser praticado no Haiti, que ocupa o terço oeste da ilha de Hispaniola, e na Republica Dominicana, que ocupa o restante da ilha.

"Com a continuidade do tráfico de escravos, esse ritmo foi levado para os Estados Unidos, e New Orleans se tornou o lar para o 'rufar' dos tambores e a dança extravagante que o acompanhava. Os turistas brancos foram avidamente atraídos.

"Ao mesmo tempo, enquanto os polirritmos egípcios estavam adentrando no sul da América, um outro tipo de música tinha estado a desbravar seu caminho através do Atlântico para o norte do país. Europeus brancos, desejosos de escapar da perseguição religiosa, trouxeram sua música para a Nova Inglaterra, juntamente com sua religião.

"Enquanto a música pagã era baseada em polirritmos e dedicada à adoração de deuses demoníacos, os europeus trouxeram uma música composta de harmonia e melodia. Sua música melódica simples era usada para adorar o Deus verdadeiro.

"A música cristã européia avançou em direção a oeste e sul dos EUA. Enquanto isso, no sul, a música para adoração vodu estava sofrendo uma mutação. Embora muitos escravos tivessem se tornado cristãos, outros escravos mantiveram suas crenças e práticas pagãs. Muitas de suas práticas pagãs foram oprimidas pelos brancos, mas seus ritmos continuaram a ser utilizados. Quando expostos à música branca, muitos destes escravos detestaram o que parecia a eles como uma música com carência de ritmo. Entretanto, essa exposição à música branca teve seu efeito. Com o passar do tempo, escravos e ex-escravos começaram a misturar a pulsação rítmica tradicional com a melodia e harmonia. Esta mistura tomou forma própria e passou a ser conhecia como “gospel”.

"No campo secular, os instrumentos de sopro europeus (oboé, clarinete, etc.) começaram a produzir novos sons ao caírem nas mãos dos negros americanos. Esses novos sons eram freqüentemente criados como um grito contra a opressão branca.

"O poeta e escritor negro LeRoi Jones observou certa vez que os intérpretes faziam com que os instrumentos soassem deliberadamente “amusicais”, o mais não-branco possível, numa reação à delicadeza e legitimidade que estavam se misturando à música instrumental negra. [5]

"Desta nova transformação surgiram novos estilos musicais como Blues e Jazz. A música branca também passava por transformações no norte, onde as “big bands” introduziram novos ritmos aos salões de dança brancos. “Boogie woogie” e outras músicas similares se tornaram a ordem do dia. As mulheres eram arremessadas, rodopiadas e giradas, obedecendo a ditadura do tambor."

REFERÊNCIAS:

[1] Pennethorne Hughes, Witchcraft (Londres: Longman Green, 1965), p. 23; citado em Ismael Reed, Mumbo Jumbo (Nova Iorque: Doubleday, 1972), p. 191.
[2] Michael Segell, “Rhythmitism”, Americam Health, Dezembro de 1988, pp. 19, 37.
[3] Marshall Stearn, The Story of Jazz (Nova Iorque: Oxford University, 1956), p. 20.
[4] Louis and Carol Torres, Notes on Music (St. Marie’s, ID: LMN Publishers, 1993), p. 36
[5] The Sun Herald (Australia), 19 de Março de 1989, p. 148.

Fonte: Adventists Affirm. Vol 13, Nº 1. Primavera de 1999, pp. 17-20. Disponível em Música Sacra e AdoraçãoTradução: Fábio Araújo Martins – Janeiro de 2005.


"No passado vocês já gastaram tempo suficiente fazendo o que agrada aos pagãos. Naquele tempo vocês viviam em libertinagem, na sensualidade, nas bebedeiras, orgias e farras, e na idolatria repugnante." I Pedro 4:3

"Afastem-se de toda forma de mal." I Tessalonicences 5:22

O poder oculto do Jazz I

por: Roger Morneau

De tudo o que ele nos disse, uma frase ficou gravada em minha mente.

– George, você poderia esclarecer a pergunta que nos fez, poucos momentos atrás: ‘Há quanto tempo vocês estão pretendendo entrar em comunicação com os mortos?’ O que quis dizer com o verbo ‘pretender’?

Ele sorriu, olhou para o seu relógio e disse:

– É muito tarde para explicar isso hoje, mas deixem-me dizer o seguinte: vocês não têm mantido conversa com os mortos.

E voltou a falar de seu sucesso pessoal.

– Vejam bem, por muitos anos, eu parecia ser um fracasso, tentando organizar e manter a minha própria banda de 'jazz'. Então, tive a sorte de conhecer o culto aos demônios e, através desse grande poder, tenho obtido tudo o que sempre desejei. É claro que tive que aprender a fazer certos rituais antes que os espíritos começassem a trabalhar em meu favor.

Seu rosto se iluminou com um grande sorriso.

– Daquele dia em diante, o sucesso foi instantâneo para mim e para minha banda. O reconhecimento veio da noite para o dia. Sem nenhum esforço de nossa parte, nós fomos descobertos (apesar de termos estado ali o tempo todo) e aclamados como uma das grandes bandas em nosso gênero musical. Por alguma razão, todos os repórteres ficaram entusiasmados conosco. Nós nos tornamos o assunto da cidade. As mais importantes personalidades do mundo do rádio comentavam a nosso respeito e, em pouco tempo, nós alcançamos o topo.

George tomou mais um gole de seu copo, puxou mais uma tragada de seu cigarro e continuou:

– Nós temos estado em constante demanda desde então. O dinheiro só vai entrando. Nossos preços são os mais altos na indústria fonográfica. As pessoas gostam de dançar ao som da nossa música. Na realidade, os espíritos tomam conta de nós; em outras palavras, eles se apossam de nós e nos dão energia, e nós repassamos essa influência para o público. Eles gostam do que recebem e sempre voltam para buscar mais da mesma coisa.

Reclinando-se e acendendo mais um cigarro, ele começou a rir e disse:

– Vocês vão gostar desta. Há um mês, fui entrevistado num programa de rádio e me diverti muito. Seis das mais altas personalidades do mundo do rádio de Montreal e de Toronto, conversavam comigo. Tudo o que eu dizia parecia fasciná-los. Até eu ficava admirado com as minhas respostas improvisadas. Eu nunca havia sido tão sagaz. Gostei muito da atenção que me deram. Quase chegou a um estado de adoração. E mais, estavam o tempo todo tentando me decifrar. E quando nos despedimos, ainda não haviam conseguido.

Olhando mais uma vez para o relógio, ele disse:

– Companheiros, está ficando muito tarde. Que tal irmos para casa?

Enquanto esperava pela conta, George comentou:

– Esse meu sucesso é fácil de entender, uma vez que a pessoa compreenda o enorme poder dos espíritos e o processo envolvido em fazer com que esse poder funcione em favor de si mesmo.

Admirados com tudo o que ele nos contou, Roland e eu, pedimos que ele nos contasse mais a caminho de casa.


"Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol." Eclesiastes 9:5 e 6

I Surrender All


No vídeo a seguir, os músicos romenos Andrei Ionita (cello) e Gabi Brasov (piano) interpretam um belíssimo arranjo para o hino "I Surrender All" (Tudo Entregarei). Aproveite!



Movimento Emergente. O que exatamente está “emergindo”?

por: Pr. Douglas Reis

"Durante o culto, a congregação canta músicas com estilo pop endereçadas a Deus e fortemente temperadas com as palavras 'eu', 'você' e 'amor'. No sermão, o pastor pode falar sobre 'se apaixonar por Jesus'. Com ou sem a analogia romântica, o pregador gastará algum tempo sobre o tópico do amor de Deus. Mesmo em igrejas teologicamente conservadoras, você não ouvirá muito sobre culpa, sofrimento ou julgamento. Alguns pastores descreverão a vida de fé como uma 'busca' ou uma 'jornada', levando a pensar que a inquietude constante seja o marco da espiritualidade autêntica. Um membro da congregação pode contar a história de sua jornada de fé durante a liturgia. Mesmo em denominações protestantes, há muito conhecidas por suspeitas quanto à idolatria, você pode contar que estará presenciando algo visual, dramático ou até elementos ligados ao entretenimento na liturgia do culto. Seria algo como uma apresentação musical, uma encenação, um vídeo ou talvez uma liturgia elaborada, designada para apelar aos sentidos. Poderia até mesmo ser apenas uma história vívida ou o uso de humor no sermão. Pergunte aos membros regulares e eles lhe dirão alegremente suas partes favoritas do culto, do mesmo modo como eles falam sobre seus filmes, música e programas de televisão preferidos. Mesmo se a igreja oficialmente censura a combinação entre entretenimento e adoração, seus membros ainda tendem a se comportar como espectadores." Thomas E. Bergler, The juvenilization of american christianity (Grand Rapids, Michigan: Eerdmans Publishing, 2012), p. 1, 2.


O que exatamente está “emergindo”?

Nas últimas décadas, cresceu a preocupação entre os evangélicos em evangelizar as gerações emergentes. Em princípios da década de 1990s, surgiu o movimento da igreja emergente, que passou a substituir a “febre” das megaigrejas. Em parte, o movimento anterior, liderado por pastores como Bill Hybels (Willow Creek), já havia pavimentado o caminho para um cristianismo alternativo: seus ministros descobriram que o crescimento da igreja não era tão afetado pela pregação quanto por um tipo de serviço musical de orientação carismática. Assim, tencionavam atingir pessoas secularizadas.

Posteriormente, o estilo de louvor musical se tornou a marca da igreja emergente. Mas essa não é a única razão de sua expansão: o movimento cresceu graças à sua percepção a respeito das transformações culturais que o ocidente atravessa. Justamente nesse aspecto, nos deparamos com outro fator que preparou o caminho para a igreja emergente – a falta de respostas cristãs aos desafios intelectuais surgidos ao longo do século XX:

Na falta de respostas intelectuais à ciência moderna e aos desafios filosóficos às Escrituras, os líderes neoevangélicos crentes na Bíblia progressivamente acomodaram interpretações e ensinos da Bíblia aos ditames da ciência e cultura popular nas áreas de teologia, doutrinas, ministério e serviço de adoração. Aos poucos, os neoevangélicos encararam a secularização ao adotarem a modernista visão neo-ortodoxa da Escritura e secularizarem o louvor congregacional e a liturgia.

Atualmente, o movimento emergente representa “uma inquestionável voz dentro do cristianismo”, apesar de sua falta de homogeneidade. Sob o seu “guarda-chuva”, a designação ‘igreja emergente’ abriga movimentos e líderes cujas teologias e práticas ministeriais diferem umas das outras. Basicamente, o que une o movimento é a preocupação em atingir pessoas jovens, sem conhecimento bíblico ou filiação a uma igreja. Ou seja, “ao menos em princípio, se trata de uma igreja dirigida a jovens norte-americanos menores de 30 anos que não estavam vinculados a nenhuma igreja”. Esses cristãos, conhecidos como pós-evangélicos, não temem quebrar paradigmas – afinal, seu referencial são os novos tempos: “Evangélicos pensam sobre inteireza e credibilidade de sua fé na cultura do modernismo; pós-evangélicos pensam sobre inteireza e credibilidade de sua fé na cultura do pós-modernismo.”

Os esforços do movimento emergente visam a atrair um público tão envolvido com as novas tecnologias que dormiria em um culto cristão tradicional! O teólogo adventista Daniel Oscar Plenc assim caracteriza a metodologia dos emergentes:

O enfoque dessas igrejas está nos relacionamentos e se escolhe um aprendizado baseado na “narração”, as histórias simples, a imaginação e a “desconstrução” do dogma cristão. Em realidade, querem desconstruir a fé cristã. O que está claro é que a doutrina e a teologia perderam sua importância e que tudo o que pareça institucional lhes “soa” mal.

O sermão deixa de ser o ponto alto do serviço religioso. “A mensagem das Escrituras é comunicada por meio de um conjunto de palavras, artes visuais, silêncio, testemunho e histórias e o pregador é um motivador, que encoraja pessoas a aprender das Escrituras ao longo da semana.” As reuniões podem acontecer em igrejas ou lugares inusitados, como sótãos, garagens e bares – Theology Pubs. Para os emergentes, “o que se constituía uso apropriado das escrituras no período moderno não é mais uso apropriado no período pós-moderno”. Em partes, isso implica que temas controversos, como homossexualidade, ou que compõem a pregação tradicional cristã, como arrependimento, ira divina, julgamento, não são tratados pelos líderes emergentes.

Sua liturgia é bem eclética, incluindo “do rock and roll pesado aos hinos tradicionais, rituais antigos, disciplinas espirituais, estações cristãs e tradições judaicas”. Sobra espaço para contemplações místicas e expressões artísticas. A crença da igreja emergente é que Deus está presente em todas as manifestações da cultura. Desse modo, ocorre uma sacralização da cultura. A conexão com Deus ocorre por meio de “formas materiais, na cultura e na natureza”. Esse novo paradigma faz da adoração – em suas múltiplas formas – algo como a visão católica do sacramento. A pregação bíblica deixa de ser o elemento que leva à conexão com Deus, como na Reforma Protestante.

Aliás, D. A. Carson compara oportunamente o movimento emergente com a reforma protestante: os reformadores clamavam por mudanças, “não por perceberem que novos desenvolvimentos ganhavam terreno na cultura, sendo que a igreja estivesse chamada a se adaptar ao novo perfil cultural”; eles “perceberam que nova teologia e práticas se desenvolveram na igreja contrapondo a Escritura e, por conseguinte, tais coisas necessitavam ser reformadas pela Palavra de Deus”. Os líderes do movimento emergente “desafiam […] algumas das crenças e práticas do evangelicalismo” em nome de mudanças culturais, levando a um novo tipo de reforma, condicionado pela mentalidade dominante.

A revolução proposta pelos líderes do movimento emergente afeta “crenças evangélicas (teologia), identidade eclesiológica (renovando o centro do movimento evangélico) e práticas ministeriais (adoração)”, aculturando o cristianismo evangélico à mentalidade dominante (pós-moderna). Coerentemente com sua proposta liberal, o movimento adotou o método histórico-crítico de interpretação bíblica.

Em busca de alternativas bíblicas 

Lidar com questões contemporâneas exige muita cautela. Os desafios despertados não podem ser tratados de uma perspectiva pragmática e utilitarista. A igreja não deve aderir à ética terrorista, a qual advoga que “os fins justificam os meios”. Afinal, a maneira utilizada para atingir pessoas acabará repercutindo na imagem que elas terão da causa do mestre. Afinal, cristianismo sem discipulado não pode trazer crescimento espiritual. E o discipulado é a essência da grande comissão (Mateus 28:18-20).

Nesse sentido, Ellen G. White adverte os obreiros que:

“[…] enquanto estão trabalhando incansavelmente para cativar os ouvintes e manter seu interesse, simultaneamente eles deveriam cuidadosamente se guardar contra qualquer coisa que beire o sensacionalismo. Nessa época de extravagância e apresentações incomuns, quando homens pensam ser necessário fazer algo para garantir o sucesso, mensageiros são escolhidos por Deus para mostrar a falácia de gastar meios desnecessários para impressionar. Tanto quanto eles trabalhem com simplicidade, humildade, dignidade graciosa, isentos de qualquer traço de natureza teatral, seu trabalho deixará uma eterna impressão em prol do bem.” Ellen G. White, Testemonies for the Church, vol. 9, p. 110.

Textos extraídos do capítulo 17 do livro “Explosão Y – Adventismo, pós-modernidade e gerações emergentes” de autoria do Pr. Douglas Reis.

Acesse Música Sacra e Adoração e tenha acesso a esse capítulo na íntegra, incluindo as referências bibliográficas.

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