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Testemunho de Ricardo Costa - Parte IV

Perto da igreja, longe de Deus (última parte)

por: Ricardo Costa

Em 2015, soube que teria um filho e esse fato me estremeceu. Naquele momento fechei os olhos e imaginei meu filho vivendo tudo aquilo que eu estava vivendo, perto da igreja, mas longe de Deus.

Meu filho veio para salvar meu casamento, pois nessa época, quase traí minha esposa com uma moça que conheci nas redes sociais. Minha razão parecia estar anestesiada. Mas minha esposa estava orando por mim, assim como também oravam os irmãos que considerava “chatos”, aqueles que sempre me aconselhavam a deixar aquele estilo de vida. Eles se preocupavam comigo. Enquanto alguns eram inconvenientes e queriam me ver afastado da igreja, outros me abraçavam. Havia um irmão que costumava dar "chutes morais" terríveis quando me encontrava, dizendo: “prefiro dar um empurrão que o leve a algum lugar, do que um abraço que o segure na situação em que está”.

Cheguei ao mais baixo nível de degradação moral, mas não tão profundo quanto no período de afastamento logo após o batismo, quando bebia e frequentava lugares inapropriados.

Conheci outros músicos adventistas que também levavam uma vida desregrada, com hábitos semelhantes aos meus, em maior ou menor grau. Eram músicos cristãos com os quais me aliei montando outras bandas para tocar em casamentos da igreja. Porém, durante os ensaios nos comportávamos como nas bandas seculares. Não bebíamos, mas os palavrões e os gestos obscenos eram iguais, mesmo sendo todos crentes em Jesus Cristo. Eu os amava, como irmãos meus, mas seus hábitos me incomodavam cada vez mais. Não entendia o porquê daquele incômodo e estranhamento, mas certamente era a ação do Espírito Santo em meu coração, como resultado da contínua oração intercessora de minha esposa.

Lembro que do dia em que meu menino nasceu, quando orei, envergonhado, pedindo a Deus que me livrasse de tudo o que estava me afastando dEle. Pedi ao Senhor que me concedesse forças para mudar o que estava errado, pois sozinho eu já havia tentado, mas sem sucesso. Tive inúmeras recaídas. O tempo passou e nada mudou.

Certo dia, fui a um evento onde estavam dois violonistas, Stenio Marcius e Diego Venâncio. Aquele foi dia foi especial. A simplicidade dos arranjos com voz e violão e as letras bíblicas me impactaram profundamente. Ao refletir, derramei um oceano de lágrimas ali mesmo. Sentia meu coração arder e parecia que o mundo estava saindo de dentro de mim por meio das lágrimas.

Passaram-se meses e já não havia o mesmo prazer em fazer meus solos de guitarra. Senti o desejo de adquirir um violão clássico para fazer minhas próprias músicas. Sempre compus rock, mas naquele momento tive vontade de pegar a bíblia e cantar o que estava escrito ali. Com um violão, eu me aproximaria do timbre acústico limpo e dedilhado das harpas e das liras contidas nas escrituras. Assim nasceu uma composição chamada "O tempo de uma vida".

A guitarra já não me encantava. Eu a vendi e logo também me desfiz de todo o equipamento profissional que possuía. A aquisição daquele equipamento quase levou minha família à falência, pois pretendia dar a Deus o meu "suposto melhor". Mas agora eu estava me desapegando do rock e de tudo o que estava associado a isto. Ao ligar meu notebook, experimentei uma sensação de vergonha ao encontrar tantas pastas de arquivos com músicas de bandas de heavy metal. Curiosamente, meu notebook queimou e fiquei dias e dias sem acesso àqueles arquivos. Deus estava iniciando uma limpeza em minha mente. Essa desintoxicação ocorreu aos poucos, mas não sem sofrimento. Deus estava me resgatando do meio da lama, porém, havia ainda muita poluição acumulada em mim. Adoeci gravemente por conta da ansiedade, mas logo decidi abraçar a mensagem de saúde pregada pela Igreja Adventista. Minha saúde foi restabelecida, o problema com a ansiedade foi curado e minha pressão arterial foi regularizada.

A chegada do meu filho me despertou. Deus me orientou a ser um bom sacerdote do lar e a dar exemplo ao meu filho. Deixei a banda de rock gospel e abandonei a guitarra elétrica. Adquiri um violão clássico e, ao abrir minha bíblia, percebi que ali estava a inspiração para as minhas músicas. Compus aproximadamente vinte músicas quase que instantaneamente e Deus foi a minha inspiração, pois nunca estudei violão clássico. Foi maravilhoso experimentar esse milagre pela primeira vez.

Dediquei muito tempo à leitura das escrituras e também à audição de inúmeras outras músicas saudáveis. Sem dúvidas, as músicas e os materiais sugeridos pelo blog Música e Contemplação me ajudaram muito ao longo desse processo de renovação. Graças a Jesus Cristo, encontro prazer ao ouvir boas músicas por horas e horas. Deus tocou meu coração e me conduziu a apreciar antigas gravações do quarteto Arautos do Rei, músicas mais saudáveis e edificantes. Tive acesso também ao trabalho de Luiza Spiridon, cantora adventista romena que produz músicas sacras que muito me edificam. Hoje, estou à frente de um novo projeto musical chamado A Pontte, onde utilizo o violão e canto ao lado da mezzo-soprano Ianna Ingrid. Cantamos hinos salutares que propagam a fé em Cristo, com letras sempre bíblicas, pois “a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Deus” (Romanos 10:17).

Minha paixão por guitarras elétricas se converteu em uma paixão pela Palavra de Deus. Costumava passar horas e horas estudando guitarra, chegando a praticar por quase dez horas ininterruptas, numa época em que possuía uma bíblia danificada por cupins e muitos instrumentos novos. Hoje tenho muitas bíblias que me acordam antes do sol nascer todos os dias e um único instrumento, um violão clássico simples. Peço a Jesus Cristo que me faça um instrumento poderoso nas mãos DEle para Sua honra e glória!

“Foi-me mostrado que a juventude deve assumir um padrão elevado e fazer da Palavra de Deus seu conselheiro e sua guia. Solenes responsabilidades repousam sobre os jovens, às quais consideram levianamente. A apresentação de música em seus lares em vez de conduzir à santidade e espiritualidade tem sido um meio para afastar as mentes da verdade. Canções frívolas e música popular do dia parecem adequadas ao seu gosto. Os instrumentos de música tem tomado o tempo que deveria ser devotado à oração.” (Testemunhos para a Igreja, vol. 1, págs. 496 e 497).

Acesse também as partes 12 3 deste testemunho. 
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