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O testemunho de Geraldo Alvim

Nasci em uma família desestruturada. Meus pais eram muito jovens e eram grandemente influenciados pelas tendências do mundo dos anos 1970. Nasci em 1976 e, na mais tenra idade, tive contato com o rock daquela época. Dormia e acordava ouvindo Supertramp, Beatles, Rolling Stones, Queen, Black Sabbath, Ozzy Osbourne, AC/DC, entre outros. Vivi em meio ao rock desde o final dos anos 1980 até 1995, quando houve minha primeira experiência de conversão. Tive minha própria banda de heavy metal (de garagem) onde eu era vocalista e também baixista. Nessa época, eu era muito procurado e até mesmo fui convidado para cantar com outras bandas algumas vezes. Nunca fui usuário de drogas, pois aquilo que eu contemplava nas pessoas ao meu redor, não desejava para mim. 

Estive envolvido com ocultismo, mas sem pensar nas consequências. Costumava também ficar escondido observando os rituais nos centros de umbanda (em Minas Gerais, chamávamos de Pemba ou Macumba). Conheço muito bem as batidas características desses rituais e os efeitos das mesmas sobre as pessoas.

Aos sete anos de idade fui morar com meus avós paternos, que eram católicos praticantes, e tinha contato constante com meu pai. Minha mãe nasceu num lar adventista, mas na adolescência se afastou da igreja, virou hippie e sumiu no mundo. Atualmente, minha mãe também é adventista do sétimo dia. Tive contato com o adventismo por meio de meus avós em Guarapari, Espírito Santo, durante as férias de verão, onde convivia com amigos adventistas no CATRES e os influenciava com meu estilo de vida nada cristão.

Minha conversão inicial ocorreu após uma grande vontade de me entregar definitivamente ao satanismo. Eu era atormentado por pensamentos maus e a música que eu ouvia era como uma ignição para esses sentimentos. Contudo, sempre pensei em não tomar decisões sem antes conhecer ou dar uma oportunidade para o outro lado. Creio que isto era a atuação do Espírito Santo em minha mente. 

Então, em janeiro de 1995, decidi experimentar o cristianismo no CATRES de Guarapari. Aproveitei que estava longe de casa e, mesmo com cabelos compridos e com roupas de roqueiro, acompanhei alguns cultos e me senti tocado pela mensagem. O interessante é que não tive lutas com o demônio e minha decisão foi muito tranquila. Somente muito tempo depois, entendi que estava apenas convencido sobre o cristianismo, pois mesmo dentro da igreja, eu ainda encontrava muito daquilo que me atraía no mundo. Eu podia encontrar, por exemplo, músicas que satisfaziam o meu gosto carnal, embora em um grau reduzido de ênfase rítmica, naquela época. Entre os amigos na igreja, havia também as mesmas conversas frívolas, piadas, festas e jogos que ocupavam meu tempo antes da conversão.

Fui batizado na igreja adventista do sétimo dia em 1995, aos dezoito anos de idade. Durante vinte anos, estive envolvido com a música na igreja cantando primeiro tenor em um quarteto masculino, participando em corais, grupos e no ministério de louvor da igreja local. Minha casa era o local preferido dos irmãos da igreja para festas, churrascadas, peixadas, filmes (downloads feitos por mim), lutas da UFC, jogatina de tabuleiros, cartas, festas juninas e outras temáticas, cantorias de músicas seculares ao som de violão e batucadas, sessões de piadas e conversas frívolas. Eu era o palhaço da turma e minha casa, o ponto de encontro. Hoje, somos apenas três pessoas, eu, minha esposa e nosso filho, pois abandonamos tudo isso.

Uma virada em meus pensamentos aconteceu em 2015, durante um ensaio com amigos músicos da igreja local. Eu demonstrava como tocar uma batida de rock no cajón para acompanhar uma música do CD JA da época, chamada “Maravilhas”. Naquele momento, senti novamente tudo o que sentia no passado, quando ouvia, cantava e tocava rock fora da igreja. Isso foi como um “start” para novas pesquisas e estudos sobre a música que agrada a Deus. O primeiro vídeo que assisti sobre este tema foi “O Dilema da Distração” de Christian Berdahl. Logo depois, conheci os estudos em vídeo de Leandro Dalla. Assim, pouco a pouco, minhas impressões e novos pensamentos sobre reforma na música de adoração foram confirmados.

Após compreender mais sobre a questão musical na igreja e tomar novas decisões na direção de uma reforma em meu gosto e práticas, os antigos amigos agiram com estranhamento e se afastaram. Após uma tentativa de revelar o que aprendi, fui rotulado por muitos como extremista, perfeccionista, entre outros adjetivos. Julgar e rotular alguém que toma decisões coerentes com o que Deus revela, é uma atitude infantil e revela falta de informação e de argumentos dos quem acusam.

Minha esposa sempre foi envolvida nos ministérios da igreja. Foi diretora de jovens e adolescentes até 2017. Eu procurava auxiliar na sonoplastia nos cultos de quartas-feiras e também na escola sabatina, pois estes eram momentos em que usávamos o Hinário Adventista do Sétimo Dia. Mas não mais participamos do ministério de louvor local.

Quando a banda da igreja toca hinos do hinário, tendem a colocar ritmos populares estranhos. Nesses momentos, procuro me ausentar do templo, não por julgamento, mas por que o ritmo agitado me faz muito mal. Então, saio para orar. Isso causa estranheza em alguns irmãos, mas eu tento ser o mais discreto possível. Alguns me questionam e tento explicar minha experiência.

A busca por conhecer a vontade de Deus a partir do conhecimento da música que O agrada me levou a tomar novas decisões com relação a uma alimentação mais saudável e também sobre viver no campo. Durante vinte anos de adventismo, fui contra Ellen G. White e seus escritos, mas nunca havia lido nada. Passei vinte anos “rosnando” toda a vez em que ouvia algo sobre esse assunto, mas Deus me quebrantou após começar a estudar o Espírito de Profecia. Agora consigo enxergar todos os meus erros, e os seus escritos tem me aproximado de Deus. Minha visão se tornou mais ampla e vejo quão indigno sou e quão longe andei da Verdade.

Nós não participamos mais de festanças, glutonaria, jogatinas, filmes, frivolidades, etc. Isso afastou os amigos, que demonstraram gostar mais dessas coisas todas, e não tanto de nós. Oro por eles e não sinto falta das antigas práticas, mas sinto falta das pessoas. 

Hoje, meu papel é buscar dar um bom exemplo e orar. Vivemos no campo e buscamos a direção de Deus por meio de uma vida mais simples, em contato maior com a Sua criação. Meu filho está se desenvolvendo bem no piano, tocando hinos e músicas sacras que exaltam a Deus e edificam a nossa fé. Faço da Bíblia o meu guia e o Espírito Santo tem aberto os meus olhos em vários assuntos. Tenho muito a melhorar e, felizmente, tenho visto como andei errado na igreja certa, e como tantas pessoas, semelhantemente, estão na igreja certa e têm se desviado do que é correto. O fim se aproxima e estamos dormindo, as raposinhas estão entrando e sacudindo a vinha, as flores novas caem com os enganos e poucos frutos estão amadurecendo. Deus nos dê discernimento!

Geraldo Luiz Baia Alvim

MÚSICA E CONTEMPLAÇÃO
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